Volta e meia me perguntam sobre o meu processo criativo e inspiração, como tenho as ideias como transformo referências abstratas em joias. Vou contar um pouco da fonte que bebo para ilustrar um pouquinho este caminho. Nem sempre este caminho entre o primeiro insight e a peça na vitrine é fácil, geralmente é tortuoso, mas vocês vão ver que não é nada que com um pouco de exercício cada uma de vocês não possa desenvolver. 

Já li muito sobre processos criativos e acho que compartilho da mesma opinião de vários artistas cujas biografias li ou de amigos criativos com quem já conversei sobre o assunto: A criação, o insight, a ideia, a inspiração simplesmente vem. Aparece na mente do nada, mesmo.  

Processo de criação

Ok, pareceu presunçoso? Não é não… e eu vou explicar. O trabalho é anterior, e nem necessariamente é um trabalho. Vamos lá, o segredo é pensar fora da caixinha… por mais “clichê” que esta frase seja, é esta a mais pura verdade. Você precisa desenvolver um olhar crítico, aquele olhar que instiga a mente a transformar o que está pronto, mudar o que já está feito, sair do contorno quadrado em que nos sentimos confortáveis e pensar como isso poderia ser se fosse diferente. 

E como fazemos isso? Bem, pessoas criativas já vem com este botãozinho ligado, às vezes no 220… assim não fosse, não teríamos crianças altamente criativas irmãs de outras nada criativas… existe uma influência de sua constituição, do DNA, da sementinha. Mas, sempre existe um mas, dá sim para desenvolver este olhar, dá sim para desenvolver esta criatividade, dá sim para trabalhar a mente.

Isso não quer dizer que precisamos trabalhar duro, mas sim que temos que ler, ver filmes, visitar museus, olhar atentamente o que está sendo produzido, de mente aberta, tentando absorver os novos conteúdos de forma isenta, pesquisar, iluminar a alma criativa que está adormecida, criar o terreno fértil para que as ideias brotem. Acredito sinceramente que todo mundo pode desenvolver uma mente mais criativa. 

Expressar a criatividade

Depois disso é legal você ter formas de expressar sua criatividade… escrever, desenhar, pintar, modelar suas ideias, sejam quais forem, sem esperar por um resultado específico, sem ser crítico consigo mesmo, deixar fluir. Isso tirará a barreira que e a sociedade (E nós mesmos) impõem a cada um. Barreira que nos impede de sermos inventivos para nos tornar reprodutores ou pior, meros consumidores de conteúdo.

O meu processo criativo tem algumas etapas bem definidas, algumas das quais são controláveis, que geralmente envolvem trabalho, outras são incontroláveis, e vem da inspiração. Gosto de dizer que não sigo tendência alguma e até as evito. Manuais, tendências de cores, de mercado, de ideias, evito conhecê-las, para tentar não me influenciar. 

Minha inspiração

Mas é claro que somos influencia, um mix de tudo que vemos, tudo que ouvimos, tudo que conhecemos de alguma forma. Então alguma referência indireta e inconsciente sempre haverá. Mas, enfim, eu busco as minhas referências depois dele ter tido algum insight, alguma ideia, de o que quero desenhar e o que quero trabalhar. Uma vez que sei em que quero trabalhar, e esta parte é totalmente incontrolável, ela simplesmente aparece em minha mente, aí sim eu vou atrás do famoso moodboard, do meu quadro de inspirações, que nem sempre é um quadro, mas que sempre é resultado de uma pesquisa intensa, seja em livros, filmes, imagens da internet, referências visuais, mas não só visuais, sobre o tema que quero desenvolver. 

A minha inspiração básica vem fortemente das coisas que gosto e do que nutro minha alma, do universo da cultura POP, das artes plásticas, da música e da natureza. 

Este ano por exemplo criei obras baseadas em folhas, em peças de design, em arquitetura, esculturas e até em insetos. Afinal, como vieram as ideias? Sentada na praça, lendo um livro, passeando num museu, até sentada em um restaurante vendo atentamente os detalhes da decoração. Irrigue a sua mente, abra seus horizontes e as ideias vão aparecer.